A psoríase trata-se de uma doença autoimune (quando o organismo ataca ele mesmo), não contagiosa, inflamatória crônica que atinge aproximadamente 125 milhões de pessoas em todo o mundo, ou seja, quase 2% da população.
A doença frequentemente é associada a outras comorbidades como a diabetes, a obesidade, doenças cardiovasculares, dislipidemia ou doenças inflamatórias do intestino.
Além disso, uma grande parte dos pacientes acaba desenvolvendo artrite psoriásica que costuma aparecer após o surgimento das lesões de pele. Em cerca de 15% dos pacientes a artrite precede o envolvimento cutâneo. A artrite psoriásica pode surgir em qualquer idade.
Homens e mulheres são afetados pela doença na mesma proporção. No entanto, acredita-se que a psoríase possua predisposição genética, além de sofrer maior influência sobre fatores ambientais, como o inverno, depressão, fumo e uso de medicamentos como betabloqueadores e anti-inflamatórios.
Atualmente, diversos pacientes estão buscando tratamento para psoríase e um dos principais fatores responsáveis por desencadear a doença foi o estresse enfrentado nos últimos meses. Estudos comprovam que pacientes com psoríase tendem a possuir hábitos alimentares desequilibrados, com uma maior ingestão de carnes vermelhas, gorduras ruins (como a trans), álcool e carboidratos refinados e uma menor ingestão de fibras, vegetais, proteínas e gorduras boas. Tais hábitos alimentares podem influenciar diretamente na incidência e/ou gravidade da doença.
Ou seja, visto que a nutrição vai impactar no desenvolvimento e progresso da doença, é de extrema importância estar sempre atento e redobrar os cuidados com a alimentação. Isso porque, mesmo não sendo uma doença contagiosa, a psoríase é visível e interfere na qualidade de vida das pessoas, além de afetar suas atividades laborais e de lazer (como ir à praia ou frequentar uma academia).
Tipos de Psoríase:
Placas ou vulgar: essa é a manifestação mais comum da doença. Formam-se placas avermelhadas e secas com escamas esbranquiçadas ou prateadas. Normalmente se manifestam em regiões como cotovelos, joelhos, ao redor do umbigo e couro cabeludo;
Inversa: bastante comum em áreas de dobras do corpo como axilas, virilha, embaixo dos seios, cotovelos e dobra dos joelhos;
Gutata: manifesta-se através de lesões em formato de gotas. Geralmente afetam crianças e jovens adultos na região do tronco, couro cabeludo e nos membros;
Pustulosa: esse tipo de psoríase apresenta bolhas ou manchas acompanhadas de pus e podem surgir em todo o corpo ou de forma localizada;
Artropática: além dos sintomas como inflamação e descamação da pele, a psoríase artropática, ou artrite psoriática, como também é chamada, pode causar fortes dores nas articulações. Geralmente afeta as articulações dos dedos das mãos e pés, juntas do quadril e coluna, podendo causar rigidez progressiva e até deformidades permanentes.
Eritrodérmica: Acomete todo o corpo por manchas vermelhas que ardem e coçam intensamente. Felizmente, esse é um tipo mais raro.
Nesse ponto vale ressaltar que não existe um exame específico capaz de diagnosticar a doença, só através dos sintomas e exame físico.
Conforme mencionamos anteriormente, a alimentação tem um papel fundamental no desenvolvimento e progresso da doença. Ademais, atua de maneira a complementar o tratamento da psoríase, visto que colabora para a diminuição da frequência com que as crises surgem, controla a irritação e inflamação e reduz a gravidade das lesões que aparecem na pele.
Estar atento à alimentação é essencial. Dentre os alimentos mais indicados e que podem ser consumidos regularmente por pessoas que sofrem com psoríase, podemos destacar:
Cereais Integrais
Os cereais são considerados carboidratos de baixo índice glicêmico, além de serem fontes de vitaminas, fibras e minerais. Os alimentos com baixo índice glicêmico colaboram para a redução do quadro inflamatório e, por consequência, os sintomas da psoríase.
Exemplos: pães integrais, arroz integral, massa integral ou à base de ovo, aveia, milho.
Peixes
Os peixes são importantes fontes de ômega 3 e 6 que possuem propriedades anti-inflamatória, além de serem ricos em vitaminas do complexo B, vitamina A e demais minerais como o selênio, por exemplo. Esses nutrientes reduzem o surgimento de placas, descamação e prurido.
Exemplos: atum, sardinha, salmão ou truta.
Sementes
Além de serem ricas em fibras, as sementes também possuem diversos minerais e vitaminas. Dessa forma, ajudam a reduzir o processo inflamatório e os demais sintomas da doença.
Exemplos: sementes de girassol, linhaça, sementes de abóbora, chia, entre outras
Frutas
O consumo de frutas variadas ao longo do dia aumenta a quantidade de fibras, vitaminas e minerais no organismo, como por exemplo as vitaminas do complexo B, magnésio, vitaminas C e E, potássio e até flavonoides. O consumo desses nutrientes colabora na reparação das lesões provocadas na pele.
Exemplos: laranja, acerola, limão, kiwi, abacate, uva, banana, manga, amora, mamão, framboesa.
Legumes e verduras
Consumir legumes e verduras vai garantir um bom aporte de fibras, além de serem fontes de vitamina A, vitamina C e ácido fólico, que vão diminuir a inflamação e demais sintomas da psoríase.
Exemplos: cenoura, beterraba, batata doce, espinafre, brócolis e couve.
Óleos e Azeites
A gordura boa, presente em óleos e azeites ricos em ácidos graxos poliinsaturados, ajuda a reduzir o processo inflamatório. Alguns deles também são fontes de vitamina E, como por exemplo os óleos vegetais.
Exemplos: óleo de girassol, azeite de oliva extra virgem, óleo de gérmen de trigo.
Alimentos que devem ser evitados
Da mesma forma que existem diversos alimentos que colaboram para a redução dos sintomas da psoríase, existem também os alimentos que devem ser evitados. Principalmente aqueles que estimulam o aumento da inflamação e, consequentemente, pioram os sintomas como irritação e coceira da pele ou ainda, influenciam no surgimento de novas crises.
Assim, deve-se evitar:
Carnes vermelhas e frituras: estes alimentos aumentam o colesterol e o consumo de gordura saturada, o que acaba favorecendo a inflamação;
Açúcar e farinha branca: pães, doces e biscoitos são ricos em carboidratos de alto índice glicêmico que, quanto maior o seu índice na dieta, maiores são as chances de desenvolvimento de doenças inflamatórias, como a psoríase.
Alimentos embutidos e processados: salsichas, salames, presunto, entre outros, possuem muitos aditivos. O ideal é manter o organismo livre de toxinas, o que acaba refletindo em uma pele mais saudável e sem lesões.
Além disto, recomenda-se evitar o consumo exagerado de bebidas alcoólicas, visto que elas podem predispor a um dano hepático causado pelos medicamentos prescritos pelo médico para o tratamento da psoríase.
---
Se você se identificou com algum dos sintomas descritos nesse artigo, procure ajuda de um dermatologista o quanto antes. Para isso, conte comigo!
Leandro Leite Dermatologista
▪️Especialista em Psoríase e doenças autoimunes da pele
▪️Preceptor PUCRS
▪️Dermatologista Hospital Moinhos de Vento
▪️Mestrado na UFRGS